quinta-feira, 22 de maio de 2014

GRÊMIO VENCE BOTAFOGO DE VIRADA, ENGATA A TERCEIRA VITÓRIA CONSECUTIVA, MAS AINDA ESTÁ DEVENDO FUTEBOL

Maxi comemora o gol da virada, pedindo para ouvir a torcida - foto do perfil oficial do Grêmio no Facebook

Com os 2 a 1 de virada aplicados sobre o Botafogo, com gols de Rodriguinho e Maxi Rodrigues, ontem à noite, no Alfredo Jaconi (a Arena está cedida para a Copa), o Grêmio engatou a terceira vitória consecutiva e alcançou a vice-liderança do Brasileiro, com os mesmos 13 pontos que o líder Cruzeiro. Os mineiros vencem no saldo de gols. Em números, o Grêmio está no azul: são quatro vitórias, um empate e uma derrota em seis jogos, aproveitamento de 72,2%. A matemática é suficiente para evitar que Enderson Moreira tenha o mesmo destino que Wanderley Luxemburgo no ano passado: derrotado nas quartas de final da Libertadores, o time treinado pelo Profexô começou a patinar no Brasileiro. Foi demitido antes do fim da parada proporcionada pela Copa das Confederações.

A questão é que apesar dos números, o Grêmio ainda não convence em campo. Contra o Botafogo foi mais um jogo duro de ver e, pior, uma grande dificuldade para marcar gols. Nessa temporada, em jogos do Brasileiro ou da Libertadores – ou seja, excetuando o Gauchão – o Tricolor só fez três gols contra o Nacional de Medelin, na Arena. Foi o mesmo Nacional que cozinhou o Galo no mesmo Horto em que, na Libertadores do ano passado, o Atlético-MG era imbatível.

O melhor jogo do Grêmio no Brasileirão, por incrível que pareça, foram os 2 a 1 aplicados sobre o mesmo Galo mineiro, na Arena, com o time reserva. Foi uma partida de encher os olhos: pressão sobre o adversário e ataques rápidos, confundindo os marcadores. Poderia ter sido mais.
Depois da eliminação na Libertadores o Grêmio não perdeu – alias, o Tricolor caiu vencendo o San Lorenzo, perdendo apenas nos pênaltis –, mas também não jogou uma partida consistente. Logo na sequência do confronto com o time do Papa foi um empate sem gols contra o Santos, na Vila, num jogo esquecível, 2 a 1 sobre a Chapecoense fora, jogando apenas pro gasto, 1 a 0 sobre o Fluminense (o mesmo que goleou o São Paulo por 5 a 2 ontem) na Arena, tomando sufoco mesmo com um jogador a mais, e a vitória de ontem, em que valeu mais a fragilidade do Botafogo que as virtudes do Grêmio.


O próximo adversário é o São Paulo, que foi goleado ontem, mas que sempre é um time perigoso, com Pato, Ganso e outros bichos, num horário pra ninguém assistir, 21 horas de sábado. Depois Sport fora e Palmeiras no Jaconi e parada para Copa. Desses 9 pontos, importante era ganhar os 9, mas obrigação é ganhar do Sport, mesmo jogando fora e do Palmeiras (outro time que tem jogado feio, mas tem feito seus pontos, está com 9), porque o jogo é na Arena. É de se esperar que depois da folga para a Copa o time ganhe padrão e consistência, para que a torcida possa sonhar com dias melhores. Ainda assim, conquistar o Brasileiro neste ano é uma miragem. Mas sempre tem a Copa do Brasil. Mas para isso, é preciso melhorar o time.

EM TEMPO: com vitórias sobre Fluminense e Botafogo, o Grêmio encaminha o "bi-campeonato" da Taça Guanabara. Só falta o Flamengo, que está com um time mais fraco que o Flu. No ano passado o Grêmio ganhou de todos os cariocas no primeiro turno, "conquistando" a Taça Guanabara e ganhou de três deles e empatou com um - exatamente o Fluminense - no segundo turno, "conquistando" a Taça Rio. Nesse ano, com um carioca a menos, o rebaixado Vasco, ficou menos difícil.

domingo, 18 de maio de 2014

COM GROHE EM TARDE DE GORDON BANKS, GRÊMIO BATE O FLU E SE FIXA NO G-4


Valeu mais pelos três pontos do que pelo que se viu dentro de campo. O Grêmio "goleou" o Fluminense por 1 a 0 na Arena e Marcelo Grohe foi o melhor do Tricolor na partida. No primeiro tempo, num cabeceio de Fred, de dentro da área, o goleiro gremista deu uma de Gordon Banks - o goleiro inglês da Copa de 1970 que defendeu uma cabeçada a queima-roupa de Pelé. Não foi a única, mas foi a principal e mais plástica defesa de Grohe na partida deste domingo, pela quinta rodada do Brasileirão.

O primeiro tempo foi de um jogo equilibrado, com os dois times se alternando no domínio do jogo e sem pressionar muito o adversário. Os melhores lances do Grêmio até então foram com Pará, aos 4 minutos: o lateral invadiu a área, mas o goleiro do Fluminense saiu bem do gol e abafou. Aos 20, Rodriguinho passou por três e tocou para Barcos que chutou, mas a bola desviou na defesa e foi para escanteio.

O Fluminense também deu trabalho. No melhor lance dos cariocas no jogo, Fred cabeceou de dentro da área e Grohe viveu o seu dia de Gordon Banks. Depois desse lance ele fez outra grande defesa - não tão plástica - antes que o Tricolor abrisse o placar.

No momento em que saiu o gol da vitória, o Fluminense era melhor no jogo. Eram 36 minutos do primeiro tempo quando Werley deu um passe milimétrico para Rodriguinho, que apareceu por trás da defesa e chutou cruzado, sem chances para Diego Cavalieri.
Com a vantagem no placar, o Grêmio chegou mais algumas vezes ao ataque, sem grande perigo. E o adversário também não conseguiu chegar com perigo.

O segundo tempo começou equilibrado: logo aos 3 minutos, Barcos foi pego em impedimento depois de uma cobrança de falta de Rodriguinho. Barcos, por sinal, foi outro personagem do jogo: teve algumas chances boas para marcar, mas invariavelmente foi travado pela zaga.

O Fluminense pressionava quando, aos 23 do segundo tempo, Fred tomou o segundo cartão amarelo e foi expulso: ele simplesmente colocou a mão no pescoço de Alan Ruiz e foi flagrado pelo auxiliar de linha de fundo. Pouco antes ele tinha literalmente peitado Pará dentro da área, antes da cobrança de um escanteio.

Com um a mais e Zé Roberto no lugar de Alan Ruiz, Máxi Rodrigues no de Rodriguinho e Mateus Biteco no de Barcos, o Grêmio não conseguiu traduzir a superioridade numérica em gols. Foram criadas algumas boas chances, todas desperdiçadas e o time ainda por cima foi pressionado.

A vitória e o ingresso no G-4 ajudam bastante a acalmar os ânimos e a dar mais fôlego para o trabalho de Enderson Moreira, mas o time precisa melhorar muito. Tomar pressão dentro de casa com um jogador a mais não é o que se espera do Grêmio. Por sorte o próximo jogo é em "casa" - casa entre aspas porque por conta da Copa o Tricolor manda o jogo no Alfredo Jaconi, em Caxias do Sul - e o adversário é mais fraco: é o Botafogo, que oscilou de um 6 a 0 na rodada anterior, mas ontem tomou 2 a 0 do Goiás. Ganhar em casa é sempre obrigação. E contra o Botafogo é mais obrigação ainda.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

O DIA EM QUE A APATIA MATOU O GRÊMIO

Teve bola na trave, bola tirada em cima da linha, gol anulado. No fim, Dudu marcou o gol que deu uma sobrevida ao Tricolor, e a possibilidade de buscar o segundo e liquidar a fatura nos 90 minutos. Faltou o que faltou nos 180 minutos da decisão contra o San Lorenzo: garra, frieza e pegada. A Libertadores 2014 do Grêmio pode ser resumida da seguinte forma: o Grêmio passou com louvor pelo “Grupo da Morte”, na primeira fase, mas no mata-mata, a apatia foi a morte para o Grêmio.

No primeiro jogo contra o San Lorenzo, o time até que suportou bem a pressão dos argentinos e no único lance de desatenção, tomou o gol que, no fim das contas, definiu a parada. Em desvantagem no placar, o Grêmio pressionou, encurralou o time argentino em plena Buenos Aires, mas nada de gol. Barcos ainda perdeu o tiro livre indireto dentro da área que poderia decretar um empate precioso fora de casa. Ironicamente, foi o mesmo Barcos que perdeu o primeiro pênalti da decisão que acabou com a trajetória do Grêmio nessa Libertadores. O segundo tempo de Buenos Aires dava impressão de que o jogo de volta seria um massacre. Não foi.

No jogo de volta, na Arena, o Tricolor teve um primeiro tempo apático, apesar de duas boas chances perdidas por Barcos. A primeira ele encobriu o goleiro, mas o zagueiro conseguiu correr e tirar a bola em cima da linha. Na segunda, Barcos escorou na pequena área e o goleiro tirou com o ombro. De resto, foi um primeiro tempo dos sonhos para os argentinos e dos pesadelos para o Grêmio: muita cera, toque de bola e o Grêmio tentando fazer a ligação direta. No segundo tempo, foram pouco mais de 10 minutos de pressão, com direito a um gol bem anulado, num impedimento de Barcos, depois da cobrança de escanteio. Depois da pressão, os argentinos voltaram a equilibrar o jogo, até que tomaram o gol. Chegaram algumas vezes com perigo ao ataque, mas pareciam satisfeitos em levar a definição para os pênaltis. E não foi por acaso.


Para a continuidade da temporada, é preciso ser sincero: a expectativa é de mais um ano em branco. Mesmo assim é importante manter Enderson Moreira, que perdeu uma Libertadores e perdeu de forma vexatória o Gauchão. A questão é que ele teve pouco mais de quatro meses de trabalho. É importante manter o treinador, tentar garantir a volta à Libertadores em 2015 e dar continuidade ao trabalho. Com uma temporada inteira, Enderson pode ser cobrado, aí com razão, no ano que vem.